Dâmaris Vitória Kremer da Rosa, de 26 anos, faleceu 74 dias após ser absolvida de uma acusação que a manteve detida por seis anos no Rio Grande do Sul. Durante o período de prisão, ela foi diagnosticada com câncer no colo do útero, doença que acabou levando à sua morte. O sepultamento ocorreu na segunda-feira (27/10), no Cemitério Municipal de Araranguá, em Santa Catarina.
Dâmaris foi presa em agosto de 2019, acusada pelo Ministério Público de participação no assassinato de Daniel Gomes Soveral, ocorrido em novembro de 2018, em Salto do Jacuí. Segundo o MP, ela teria atraído a vítima até o local do crime. A defesa, no entanto, sustentou a inocência da jovem, afirmando que ela apenas contou ao namorado sobre um suposto estupro cometido por Daniel, fato que teria motivado o homicídio.
Mesmo sem provas concretas contra Dâmaris, diversos pedidos de soltura foram negados ao longo dos anos, mesmo quando a jovem apresentava sinais claros de saúde debilitada, incluindo sangramentos e fortes dores abdominais. Somente em março de 2025, diante do agravamento de seu quadro, a prisão preventiva foi convertida em domiciliar, com instalação de monitoramento eletrônico para garantir o cumprimento da medida.
Em agosto de 2025, Dâmaris foi finalmente julgada e absolvida por negativa de autoria, já com o câncer avançado. A decisão judicial reconheceu a falta de provas contra ela, mas não conseguiu impedir que a doença progredisse.
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul esclareceu, em nota, que foram analisados três pedidos de soltura. Os dois primeiros foram negados, inclusive pelo TJRS e pelo Superior Tribunal de Justiça. Apenas o terceiro, em março de 2025, considerou o diagnóstico de neoplasia maligna do colo do útero, autorizando a prisão domiciliar e o início do tratamento oncológico.