A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (16), no Rio de Janeiro, a Operação Unha e Carne 2, que resultou na prisão do desembargador Macário Judice Neto. O magistrado é alvo de investigação por suposto vazamento de informações sigilosas que teriam beneficiado a facção Comando Vermelho (CV).
Os agentes cumpriram um mandado de prisão e dez de busca e apreensão, todos expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A operação apura o repasse indevido de dados protegidos e já havia tido desdobramentos em sua primeira fase, com a prisão do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar.
O cerne da investigação é a possível frustração de diligências da Operação Zargun, lançada em 3 de setembro de 2025 contra o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, citado nas apurações como próximo do CV. O foco desta nova etapa foi o desembargador Macário Judice Neto, que atuou como relator do processo de TH Joias no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
O histórico do magistrado inclui um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que teve a pretensão punitiva reconhecida como prescrita pelo plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2022. Macário estava afastado do cargo há 14 anos após responder a acusações, quando atuava como juiz na 3ª Vara Federal de Vitória (ES), por suposta participação em esquema de venda de sentenças e por utilizar o cargo para conceder liminares que autorizariam a importação de caça-níqueis.
No âmbito criminal, ele foi absolvido das acusações de corrupção, formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro. No administrativo, o TRF-2 aplicou a pena de aposentadoria compulsória em 2015, mas o CNJ anulou a sanção dois anos depois por falta do número mínimo de magistrados exigido para o julgamento.