A Polícia Federal (PF) identificou que o ex-secretário de Saúde de Alagoas, Gustavo Pontes de Miranda, afastado do cargo, teria utilizado recursos desviados do Sistema Único de Saúde (SUS) para a aquisição de dois imóveis de alto padrão, no valor aproximado de R$ 1,7 milhão, um deles para a amante. As informações fazem parte da Operação Estágio IV, que investiga um suposto desvio de cerca de R$ 100 milhões da pasta estadual.
De acordo com as investigações, parte do montante desviado teria sido destinada à compra de uma casa em Brasília e de um flat à beira-mar em Maceió. A PF aponta que os imóveis estariam vinculados à amante do ex-secretário, Andréia Araújo Cavalcante. As movimentações financeiras são consideradas incompatíveis com a renda declarada pelos envolvidos.
A PF sustenta que Gustavo Pontes de Miranda seria o líder de uma organização criminosa que atuava por meio de contratos superfaturados na Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). As investigações tiveram início após uma denúncia anônima, que detalhou nomes dos envolvidos e citou o transporte de grandes quantias em dinheiro vivo, supostamente provenientes do esquema.
Andréia Araújo Cavalcante é apontada como amante do ex-secretário e como uma das responsáveis pelo transporte dos valores. Ela ocupa cargo comissionado na Assembleia Legislativa de Alagoas e, segundo a PF, apresenta padrão de vida incompatível com sua renda. A investigação identificou que ela recebeu um PIX de R$ 50 mil de Reinaldo Fernandes Júnior, médico ortopedista e sócio-administrador do Núcleo de Ortopedia e Traumatologia (NOT), empresa alvo da operação.
Na operação, foram cumpridos 38 mandados de busca e apreensão em Alagoas, Brasília e Pernambuco, com apreensão de aproximadamente R$ 900 mil em espécie, além de moeda estrangeira, joias e armas.
Em nota, o Governo de Alagoas informou que acatou a decisão judicial que determinou o afastamento do ex-secretário e que criou uma comissão especial para acompanhar as investigações. Gustavo Pontes de Miranda negou as irregularidades e criticou a atuação da PF.
A Operação Estágio IV apura crimes de lavagem de dinheiro e desvio de recursos do SUS no estado. O Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) determinou também o sequestro de bens dos investigados, como veículos e imóveis de alto valor.