A Polícia Civil do Rio de Janeiro tenta localizar 249 traficantes que estão se escondendo em favelas da região metropolitana. Para isso, tem pedido auxílio de outros estados como Goiás, Bahia e Pará para a captura. Entre os procurados, está Emílio Carlos Gongorra Castilho, o “Cigarreira”, apontado como o mandante da execução de Antônio Vinícius Gritzbach, delator do PCC morto a tiros no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Cigarreira seria do PCC e fugiu para o complexo da Penha, no Rio, que é uma das principais bases da facção rival, o Comando Vermelho. Ele foi visto no baile Selva, evento do chefe local da facção, Edgar Alves, o “Urso”.
Em Goiás, são 53 integrantes, na Bahia, 33, e no Pará, 35 procurados, segundo a PC-SP. Nas favelas nesses locais, os traficantes, mesmo rivais, encontram estrutura de resort com quadras, piscina, sauna e até academia.
De acordo com o subsecretário de planejamento e integração operacional da Polícia Civil do Rio, delegado Carlos Oliveira, um fator que inicialmente influenciou a migração de criminosos é a disputa entre o PCC e o CV, que começou em 2016, com a morte do traficante Jorge Rafaat Toumani, que teria sido planejada pelo PCC.
“Com a disputa entre o PCC e o CV, as facções de alguns estados passaram a se aliar. O Comando Vermelho passa a dar auxílio para esses criminosos, os escondendo em favelas do Rio”, disse.
Em fevereiro, no entanto, um relatório do Ministério da Justiça apontou uma possível ação conjunta entre os dois grupos, que incluiria um pacto de não agressão. A fuga de Cigarreira para a Penha teria acontecido nesse momento.
“Agora, as facções têm novas rotas de drogas e armas pelo Brasil e internacionais, além de maior proteção contra o acesso à polícia. E houve um intercâmbio do know-how. No Ceará, criminosos impuseram o uso da internet e atacaram empresas do setor, algo que eles aprenderam com os criminosos daqui”, afirmou.