Na madrugada desta quarta-feira (29), moradores do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, levaram ao menos 70 corpos à Praça São Lucas, em meio ao desespero e à tentativa de chamar atenção para a dimensão da tragédia ocorrida na região. As polícias Civil e Militar informaram que ainda estão apurando o número total de mortos.
Segundo relatos de moradores, os corpos foram encontrados em uma área de mata que liga os complexos do Alemão e da Penha, palco da megaoperação policial deflagrada na terça-feira (28), considerada a mais letal da história do estado. De acordo com o último balanço oficial, 64 pessoas morreram e 81 foram presas durante a ação — entre os mortos estão quatro agentes de segurança, sendo dois civis e dois militares.
A operação, que mobilizou 2,5 mil policiais, expôs o grau de enfrentamento entre o Estado e o Comando Vermelho (CV), facção que atua com forte estrutura armada na região. De acordo com investigadores, o grupo criminoso mantém poder de fogo suficiente para resistir a forças de elite por longos períodos, o que tem levado a confrontos de alta intensidade.
Pela primeira vez em uma operação desse porte no Rio, criminosos utilizaram drones adaptados para lançar explosivos contra as equipes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), além de monitorar o deslocamento das tropas em tempo real. A estratégia, segundo a polícia, demonstra a crescente sofisticação do armamento e da tática de combate empregada pelo tráfico nas favelas cariocas.
Enquanto o governo fluminense reforça que a ação tinha como objetivo prender chefes do CV e retomar áreas dominadas pelo tráfico, moradores relatam cenas de horror e denunciam execuções e desaparecimentos, ampliando a pressão por uma investigação independente sobre as mortes.