Antônio Fraga, um motorista aposentado de 71 anos, vive um drama incomum desde que descobriu ter sua identidade usada por quatro décadas por José Anastácio da Silva, um criminoso foragido por homicídios. A situação surreal veio à tona em 2023 quando o INSS cancelou o benefício de Antônio alegando seu falecimento, mesmo com ele em pé diante da atendente na agência.
O problema começou nos anos 1980 quando José roubou a carteira de identidade de Antônio na rodoviária de Belo Horizonte e colou sua própria foto sobre a do documento. O fraudador assumiu a identidade do aposentado e se mudou para Goiás, onde viveu até morrer em setembro de 2023. Foi quando a família de José, sem saber da fraude, registrou o óbito em nome de Antônio, desencadeando uma série de problemas burocráticos.
Desde então, o verdadeiro Antônio perdeu acesso a todos os serviços bancários, não pode movimentar bens, registrar ocorrências policiais ou usar normalmente seus documentos. “Minhas economias estão acabando e não sei como sustentar minha família”, desabafa o aposentado, que desenvolveu depressão devido à situação. Ele descobriu ainda que o fraudador registrou três filhos em seu nome.
Atualmente dois processos judiciais tentam resolver o caso um movido pela família de José para corrigir a identidade do falecido e outro por Antônio para anular a certidão de óbito equivocada. O caso tramita na Vara de Registros Públicos de Belo Horizonte enquanto Antônio aguarda para recuperar sua identidade e seus direitos.
Especialistas apontam que o caso revela graves falhas no sistema de identificação brasileiro, incluindo a falta de cruzamento de dados entre órgãos e os riscos de fraudes documentais históricas. O INSS e o cartório de Goiânia envolvido no caso não se manifestaram sobre as falhas até o momento. Enquanto isso, Antônio segue sua batalha para provar uma verdade que deveria ser simples ele está vivo e precisa recuperar o controle sobre sua própria identidade.