O Supremo Tribunal Federal condenou nesta terça-feira (18) o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, ex-comandante de forças especiais do Comando Militar da Amazônia em Manaus, por envolvimento direto na tentativa de golpe coordenada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A pena aplicada, de 24 anos de prisão em regime inicial fechado, é a maior entre os militares do mesmo núcleo, ficando próxima à punição já imposta a Bolsonaro, de 27 anos e 3 meses.
O julgamento do chamado núcleo 3 revelou que Lima desempenhou papel central na organização das ações golpistas. Ele não apenas participou das articulações, mas também gerenciou documentos estratégicos e operacionais, circulando informações essenciais para a execução dos planos de ruptura institucional. Para a Procuradoria-Geral da República, esse grupo representava o braço executor do projeto de golpe, responsável por estruturar cenários de ação e elaborar táticas para desestabilizar o governo eleito.
Entre os elementos cruciais para a condenação estão arquivos apreendidos em Manaus, como um pen-drive contendo o documento “Desenho Op Luneta”, que detalhava a neutralização de ministros do Supremo, prisões preventivas de autoridades e a instalação de estruturas paralelas de comando. Outro material, chamado “Plano Copa 2022”, apresentava simulações jurídicas e militares destinadas a impedir a posse ou derrubar o governo de Lula da Silva. Esses documentos foram considerados pelo STF como o núcleo intelectual do plano golpista.
O julgamento também evidenciou diferenças entre os réus ligados ao CMA. Enquanto Hélio Lima teve sua participação considerada central e foi condenado, o general Estevam Theóphilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres na Amazônia, foi absolvido por falta de provas. A decisão reforça a responsabilização individual dentro do grupo, destacando a atuação decisiva de Lima na tentativa de golpe.