Um soldado da Polícia Militar de São Paulo foi detido em flagrante na última quarta-feira (18), dentro do Hospital da Polícia Militar, no Tucuruvi, zona norte da capital paulista. O motivo inusitado da prisão: ele teria se dirigido a um capitão médico utilizando a palavra “você”, o que foi interpretado como desrespeito a superior, conforme o Artigo 160 do Código Penal Militar.
O soldado Lucas Neto procurava atendimento médico devido a um deslocamento no ombro e, de acordo com sua defesa, não estava em serviço no momento – o que, segundo eles, o desobrigaria da subordinação hierárquica ao capitão durante a consulta.
Segundo a advogada Fernanda Borges de Aquino, que acompanhava Lucas, a situação escalou quando o policial tentou gravar o atendimento, após a própria advogada ter sido impedida de fazê-lo. Esse ato teria irritado o médico, capitão Marcelo Cavalcante Costa, que exigiu a interrupção da gravação. O desentendimento que culminou na prisão teria ocorrido quando o soldado questionou a ordem e se referiu ao capitão como “você”.
Posteriormente, a defesa acionou o advogado Mauro Ribas Júnior, que, ao chegar ao hospital e ouvir os áudios gravados por Lucas, deu voz de prisão ao capitão por denunciação caluniosa, e a dois tenentes por falso testemunho. Estes oficiais teriam corroborado a versão do capitão sobre a suposta insubordinação.
Em nota oficial, a Polícia Militar de São Paulo confirmou a detenção, reiterando que o policial foi preso por violação do Artigo 160 do Código Penal Militar, que prevê pena de três meses a um ano de detenção por desrespeitar superior “diante de outro militar”, se o ato não constituir crime mais grave. A corporação informou ainda que um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar os fatos.