A agricultora Celeste Lucas da Silva, conhecida como “Vó Celeste”, alcançou aos 101 anos um sonho que perseguia desde 1985: o direito à aposentadoria. O benefício foi reconhecido pela Justiça em março deste ano e passou a ser pago a partir de abril.
Natural de Bonfim, no Norte de Roraima, Celeste nasceu em 15 de novembro de 1923 e dedicou a vida ao trabalho no campo. Mãe de 15 filhos, sustentou a família cultivando a terra e manteve a rotina rural mesmo após ficar viúva em 1985, quando o marido, Cirino Trajano, já aposentado, faleceu. Desde então, ela recebia apenas a pensão do companheiro.
A primeira tentativa de aposentadoria foi feita no mesmo ano da viuvez, mas a legislação vigente reconhecia apenas um membro da família como segurado especial, geralmente o homem. Anos depois, uma das filhas chegou a iniciar novo processo junto ao INSS, mas a falta de documentos impediu o avanço.
Somente em dezembro de 2020, aos 97 anos, Vó Celeste voltou a recorrer à Justiça. Em 2023, o tribunal chegou a reconhecer o tempo de trabalho rural, mas negou o pedido porque ela não residia mais na zona rural. Uma nova ação, ajuizada em novembro de 2024, garantiu a vitória definitiva.
Hoje, já aposentada, a centenária comemora o resultado.
— Dou graças a Deus pela aposentadoria. Estou feliz, recebo minha aposentadoria e a pensão. Faço minhas coisas, compro o que preciso e assim estou vivendo, graças a Deus, celebrou.
O advogado responsável pelo processo, Rhichard Magalhães, genro de uma das netas de Celeste, destacou que a decisão representa uma reparação histórica. A conquista encerra quase quatro décadas de luta e simboliza a resistência de uma mulher que dedicou a vida ao trabalho no campo.