Nos últimos anos, diversos advogados atuantes no estado do Amazonas têm sido denunciados por crimes envolvendo violência contra mulheres, abuso sexual, importunação, tentativa de feminicídio e violação de medidas protetivas. Os casos, que envolvem nomes conhecidos na área jurídica, revelam um padrão preocupante de condutas criminosas por parte de profissionais que deveriam atuar em defesa da justiça.

Em março de 2021, o advogado Marcelo Oliveira Gonçalves foi flagrado por câmeras de segurança tentando estrangular sua ex-namorada, Teresa Vitória Pinheiro, dentro de um carro no bairro Aleixo, zona centro-sul de Manaus. O crime, motivado por não aceitar o fim do relacionamento, resultou em sua condenação a 10 anos e 11 meses de prisão em regime fechado, além do pagamento de indenização à vítima. Apesar da condenação, ele responde em liberdade. Marcelo já possuía antecedentes criminais por clonagem de cartões e tráfico de drogas.

Em abril de 2025, o advogado Raione Cabral Queiroz, de 34 anos, foi preso preventivamente em Manaus, acusado de tentar estuprar uma cliente de 20 anos em Coari. O crime teria ocorrido durante atendimento jurídico. Laudos médicos confirmaram as lesões na vítima. Ele também é investigado por tergiversação e por tentar atrapalhar as investigações.

Outro caso de grande repercussão envolve o advogado Francisco Charles Cunha Garcia Júnior, investigado por uma série de crimes sexuais contra mulheres, entre elas duas ex-recepcionistas de seu escritório e duas ex-clientes. Os relatos envolvem assédio, tentativa de estupro, exposição indevida, uso de entorpecentes, coerção com arma de fogo e promessas falsas de emprego. A advogada Adriane Magalhães representa as vítimas.

Em abril, o advogado Sandro Marcelo Silva de Souza, de 28 anos, foi preso por descumprir medida protetiva contra a ex-companheira. Ele acumula mais de 15 boletins de ocorrência, a maioria por violência doméstica. Áudios divulgados mostram ameaças e xingamentos à vítima, além de registros de violência contra a própria mãe, uma idosa.

Outro caso chocante envolve Diego Ribeiro Gomes, flagrado em vídeo com o órgão genital exposto, assediando uma menina de 12 anos, no bairro Monte das Oliveiras, em dezembro de 2023. Ele foi indiciado por satisfação de lascívia e é investigado pela Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).
O Expresso Jus pediu um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Amazonas sobre os casos mencionados e quais foram as medidas para coibir esses tipos de profissionais, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.