A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM), está investigando três denúncias de crimes sexuais contra mulheres envolvendo o advogado Francisco Charles Cunha Garcia Junior. Duas ex-recepcionistas que trabalharam no escritório jurídico de Charles e uma cliente já prestaram depoimento. Todas estão sendo representadas pela advogada Adriane Magalhães.
Primeira denúncia
O primeiro caso foi denunciado no dia 16 de abril deste ano. Uma jovem, que atuou como recepcionista por 8 meses no escritório do advogado, procurou a imprensa e o acusou publicamente de tentar estuprá-la em 2024. O crime ocorreu dentro da sala de Charles, sempre na ausência da esposa.
“O rosto dele tinha um pozinho branco, o nariz tinha um pozinho branco. Ele puxou pelo meu braço, me levou até a mesa dele. Ele estava vendo aqueles vídeos pornográficos e ele disse assim: ‘não chora, não fica nervosa’. Ele tentou me beijar várias vezes” (…) Ele puxou meu braço de novo, me machucou e estava nu. Ele disse pra eu me ajoelhar e disse: ‘faz igual à minha esposa’. Ele queria que eu fizesse o sexo oral nele. Ele empurrava minha cabeça várias vezes. Todas as vezes que eu subi, ele me machucava. Ele pegava meu celular porque eu não podia gravar nada, não podia me defender”, disse ela em prantos.
Segunda denúncia
Com a repercussão, uma cliente de Charles, que não quis se identificar, procurou a advogada Adriane para relatar que também foi uma vítima dele. O Expresso Jus teve acesso ao áudio do relato.
Tudo começou quando o advogado ofereceu ajuda jurídica por meio do Facebook há cerca de 4 anos, após ela publicar que estava passando por um momento difícil com o seu ex-companheiro. Entretanto, certo dia, Charles passou a ligar insistentemente por vídeochamada e enviou a foto de sua esposa, Juliana Coimbrã, também advogada, sentada sem calcinha. Sem saber o que fazer, ela não atendeu e fingiu que nada havia acontecido.
Dias depois, o advogado procurou novamente a mulher, não tocou no assunto da foto e voltou a falar sobre a situação dela com o seu ex-companheiro. Nisso, ele pediu para encontrá-la pessoalmente para conversarem, onde acabou sendo levada para um motel intimidada por uma arma que estava no veículo.
“Veio com tudo pra cima de mim (…) ele tentou que eu fizesse sexo oral nele (…), eu falei não”, relatou, dizendo que em seguida conseguiu dar uma desculpa e fugir do local por meio de um aplicativo de transporte.
Terceira denúncia
O Expresso Jus obteve com exclusividade o depoimento de uma segunda ex-recepcionista que acusa o advogado Charles de importunação sexual. O modus operandi foi o mesmo usado com a primeira denúncia.
A vítima limpava a sala do jurista e ele aproveitava para seduzi-la, perguntando se ela “não podia fazer sexo” e “não podia falar de pica”.
Em seu último dia de trabalho, Charles pediu para que a recepcionista limpasse a sua sala. Ocasião em que ele reproduziu no notebook filmes adultos e pediu para que a moça pegasse um pedaço de papel no chão, mostrando suas partes íntimas.


O Expresso Jus pediu um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Amazonas, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
O acusado não se manifestou sobre as denúncias.