Na tarde de terça-feira (28), uma terceira mulher procurou a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) para denunciar o advogado Francisco Charles Cunha Garcia Junior, pelo crime de importunação sexual dentro do escritório jurídico dele. Essa já é a terceira acusação que o jurista enfrenta.
No depoimento que o Expresso Jus teve acesso, a vítima relata na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher (DECCM) que trabalhou para Charles no escritório no período de 2011 a janeiro de 2012, onde atuou como recepcionista e secretária direta da advogada, Juliana Coimbra, esposa do acusado.
Nas vezes em que era chamada para limpar a sala do advogado, em depoimento, a vítima contou que ele fazia insinuações de cunho sexual, inclusive perguntando se ela “não podia fazer sexo” e “não podia falar de pica”.
“Embora se sentisse extremamente incomodada e humilhada, optava por ignorar as condutas do autor, até porque havia sido orientada pela esposa deste que não o temesse, pois, segundo ela, ele só ocupava aquela posição devido ao dinheiro dela e de seu pai”, diz o trecho do documento.
Por ignorar as atitudes do advogado, a recepcionista afirma que começou a ser destratada na empresa como forma de ‘punição’. Em certo dia, durante reunião na frente de outras pessoas, Charles teria dito: “Não sabe nem servir água e café”, fazendo com que ela chorasse por se sentir humilhada.
Em seu último dia de trabalho, ocasião que realmente deixou marcas traumáticas na vítima, Charles novamente pediu para que a recepcionista limpasse a sua sala. Em determinado momento, ele reproduziu no notebook filmes adultos e pediu para que a moça pegasse um pedaço de papel no chão. Em seguida, o advogado mostrou suas partes íntimas.
“A depoente afirma que, imediatamente, levantou-se, gritou e questionou o autor sobre o significado daquela atitude, tendo ele respondido: ‘Olha, a xxx gosta’, referindo-se à assessora do escritório. QUE a depoente relata que ameaçou relatar o ocorrido à Dra. Juliana começou a se retirar, momento em que o autor, alterado, afirmou: “Tu não serve para ser minha secretária não”. QUE a depoente afirma que, após tal episódio, solicitou sua demissão e optou por não relatar os fatos à Sra. Juliana, por apreço e consideração para com ela, não querendo se envolver nas questões do casal”.
O Expresso Jus pediu um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Seccional Amazonas, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.

